Como sabemos, cães e gatos não têm reputação de serem os melhores amigos e por vezes até podem desenvolver uma relação de ódio; portanto o nosso papel na introdução de um novo animal em casa é muito importante para evitar reações menos felizes.

 

Temos de ter em conta que cada animal tem a sua própria personalidade e os seus próprios hábitos, sendo que um cão treinado aumenta, significativamente, a probabilidade de a apresentação correr bem. Já da perspetiva do gato, sabemos que são animais muito independentes e por isso a reação destes é mais imprevisível, mas tudo tem para correr bem se lhe dermos o seu espaço, tempo, e se o deixarmos aproximar quando deseja.

 

Cães e gatos são animais sociáveis por natureza, no entanto, se não tiverem um processo de socialização apropriado nos primeiros meses de vida, podem converter-se em animais solitários e territoriais, rejeitando a presença de outros animais.

 

Como deve ser feita essa primeira introdução?

Quando chega o momento das apresentações, é importante respeitar as necessidades dos animais existentes, bem como as do novo animal, a fim de manter a paz e promover uma coexistência bem-sucedida.
Podemos recorrer a várias técnicas, sendo que é importante o novo animal acostumar-se primeiro à casa para que possa instalar-se com a sua própria cama, água e comida e conhecer o novo território. Um primeiro passo é manter o gato e o cão em divisões separadas durante alguns dias para que o cheiro do novo animal comece a fazer parte da casa e, através das suas mãos que têm o cheiro deles, apresentá-las para que eles cheirem e mais tarde possam reconhecer o odor. Recorrer à troca de camas, mantas ou pequenos objetos, também pode ajudar, pois permite ao animal cheirar e reconhecer o novo membro aos poucos.

 

E quando podemos apresentá-los um ao outro diretamente?

Após a fase de troca de odores, uma das formas mais efetivas de apresentar cão e gato pela primeira vez é fazer isso num ambiente controlado. Comece por isolar um dos animais e permita que o outro circule livremente pelo ambiente, sentindo o cheiro do companheiro. Depois, inverta as posições e deixe que o animal que antes estava isolado também circule e se acostume ao cheiro novo.

Para o primeiro contacto direto podemos criar barreiras de forma que se possam ver, mas não se possam tocar, através de cancelas, portões ou através portas de vidro. Desta forma estamos já a habituar o sentido visual e se correr bem podemos retirar as barreiras e permitir que se aproximem até que haja contacto direto, sempre sob supervisão. Lembre-se sempre de recompensar os dois animais quando o comportamento for positivo, não economize em carinho e incentivos, como biscoitos e palavras positivas, para que associem o novo animal a uma experiência boa e positiva. Quando estiver confiante de que irão interagir positivamente, deixe-os  conhecerem-se à sua maneira, mas mantendo sempre a vigilância durante os primeiros tempos.

 

E se esta reação final for negativa?

Nunca deixe o seu gato e cão juntos na mesma divisão sem que sejam supervisionados e garanta uma zona de refúgio para o gato, como uma torre, um arranhador ou prateleiras colocadas em escada ao longo de uma parede, de forma que o cão não o alcance e para que o gato tenha um local perto onde se sinta seguro. Sempre que veja um bom comportamento, como cheirarem-se ou permanecerem calmos na presença um do outro, ou até simplesmente se cruzarem sem nenhuma reação negativa, recompense ambos. De uma forma simples, sempre que vir um comportamento que gosta, recompense com festinhas ou guloseimas, e isso irá contribuir para que a convivência entre o cão e o gato seja cada vez mais harmoniosa. Caso esta socialização não corra tão bem como esperado na primeira vez, não desanime. Num outro dia, recomece o processo, mantenha-se calmo, assertivo e recompense sempre os animais pelos bons comportamentos. Aos poucos, irão com certeza aceitarem-se um ao outro por mais tempo no mesmo espaço e assim, por fim, permanecerão satisfeitos no mesmo ambiente.

 

Sugestões e dicas importantes:

  • Se tem mais do que um cão/gato, apresente o novo elemento a um de cada vez;
  • Certifique-se que o seu cão não tem acesso à liteira do gato. É bem provável que o cão ingira o conteúdo, quer seja a areia ou as fezes do gato – não é bonito, mas é verdade!
  • Deverá sempre separar os cães e gatos durante as refeições para que ambos comam confortavelmente – podem ser alimentados em divisões separadas, ou alimentar o seu gato numa superfície elevada, fora do alcance do seu cão. Cães e gatos têm rações diferentes, pois têm necessidades nutricionais diferentes;
  • Certifique-se que o seu gato tem muitas oportunidades para brincar, caçar e perseguir brinquedos em movimento, deverá estimular o gatinho ao máximo neste sentido, pois é pouco provável que o seu cão queira que o gato utilize a sua cauda como brinquedo, evitando conflitos.

 

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Artigo escrito pela Enfermeira Veterinária Cátia Ferreira do Hospital Veterinário +Ani+ para o Blog +Ani+

Enfermeira Veterinária Cátia Ferreira