Neste artigo, vamos clarificar este “palavrão”, nem sempre fácil de dizer e/ou entender.

Um conjunto de alterações cranianas (encurtamento do nariz e boca) com modificações graves das vias aéreas superiores predispõem ao desenvolvimento de doença multissistémica, conhecida como “Síndrome braquicefálica” ou “Síndrome respiratória obstrutiva dos braquicéfalos” (BOAS – Braquicephalic Obstructive Airway Syndrome). Neste âmbito, importa referir que existem algumas raças que tipicamente apresentam estas características físicas e, consequentemente, estão mais predispostas à patologia em questão. No caso dos canídeos, salientamos o bulldog (francês e inglês), o pug, o cane corso, o boxer, schitzu, entre outros. Relativamente aos felinos, os casos mais frequentes ocorrem com a raça persa, birmanês e shorthair exótico.

As alterações existentes nos animais podem categorizar-se em primárias e secundárias.

  • Alterações primárias: (deformações que causam obstrução à passagem do ar até aos pulmões)
  • Alterações secundárias (resultado do esforço e do vácuo ao respirar):

Tendo em consideração as alterações referidas, importa estar atento aos sinais clínicos do seu pequenote, de modo a poder reportar ao seu médico veterinário.
Sinais clínicos (manifestações do dia a dia):
Roncos, ressonar, dispneia (esforço ao respirar);
Cianose das mucosas (lábios e língua azulados);
Intolerância ao exercício, dificuldade de recuperar após exercício;
Alterações digestivas: engasgo, regurgitação, engolir ar, vómitos, flatulência, esofagite e gastrite;
Edema Pulmonar;
Golpe de calor (intermação – temperatura rectal maior do que 41ºC);
Morte.

Tratamento
Com o intuito de melhorar a condição de vida destes cães e destes gatos, temos ao dispor o tratamento médico e o tratamento cirúrgico. Tanto um como o outro devem ser instituídos cedo para evitar o aparecimento de alterações secundárias às pressões negativas do esforço respiratório e à turbulência gerada com a passagem do ar a alta velocidade.

  • Tratamento médico, farmacológico: visa combater e diminuir as alterações secundárias da obstrução respiratória, sendo utilizados principalmente os anti-inflamatórios
  • Tratamento Cirúrgico: a intervenção cirúrgica é o tratamento de eleição para o síndrome braquicefálico, pois aborda a correção (parcial) das alterações primárias – a obstrução respiratória. Durante esta intervenção cirúrgica, são realizados diferentes processos, como:
    o Rinoplastia
    o Palatoplastia
    o Saculectomia
    o Turbinectomia
    o Tonsilectomia
    o Lateralização das aritenoides

Como se processa a cirurgia de correção do síndrome braquicefálico?
O animal (cão ou gato) deve ser avaliado por um veterinário em termos de risco anestésico e benefício do procedimento.

Quando deve ser feita cirurgia?
A cirurgia eletiva deve ser feita entre os 6 e os 12 meses, por forma a reduzir a progressão das alterações secundárias.

Se verifica algum dos sinais clínicos descritos ou tem uma mascote de raça predisposta, marque consulta com o seu médico veterinário. Uma intervenção precoce pode trazer uma vida saudável e longa ao seu melhor amigo de quatro patas.

 

Hospital Veterinário +Ani+: muito mais do que um hospital!

Artigo escrito pelo Médico Veterinário Daniel Gonçalves do Hospital Veterinário +Ani+ para o Blog +Ani+ .

Daniel Gonçalves