A melhor forma de começar este artigo, será por explicar que a área de treino canino é bastante vasta, e como tal as opiniões, dicas e técnicas de treino são também bastantes variadas. Enquanto médica veterinária não sou de todo a melhor pessoa para acompanhar o treino de um cão, havendo para esse fim uma oferta de profissionais qualificados em treino e comportamento canino disponíveis para o ajudar e com os quais é possível marcar no nosso Hospital Veterinário.
No entanto, ao longo dos anos tive oportunidade de acumular não só experiência, como também algumas formações neste campo que me fascina. Desta forma, sinto-me confortável para poder ajudar numa primeira abordagem, em contexto de consultório.
Tudo começa quando há a decisão de ter um cachorro como novo membro da família. Essa é uma decisão que deve ser sempre muito bem ponderada e nunca de impulso, sob o risco de poder haver arrependimentos, devendo os futuros tutores ler, perguntar e procurar esclarecimentos sobre diversos temas, de modo que quando o cachorro chegar a casa, a família e o espaço já estejam preparados para tal.
Um cachorro rói, ladra, destrói, faz cócó e xixi fora do sítio e pode ser mais ou menos ativo consoante o seu temperamento. Ao adotar um animal de raça, teremos possivelmente uma melhor ideia do feitio que poderemos esperar. Quando adotamos um menino sem raça definida, poderão haver surpresas, mas sem sombra de dúvida que o meio ambiente, a educação e o acompanhamento serão os fatores mais determinantes do seu comportamento diário.
Estou sempre a falar em cachorros, mas tudo se aplica também a um animal jovem ou adulto. Naturalmente, que quanto mais velho for, mais experiências já adquiriu, pelo que poderá ser mais difícil de incutir novos hábitos, mas não impossível!!!
Hábitos e desafios
O 1º grande desafio é habituarem-se a fazer as necessidades fisiológicas no local esperado. Escolha um local e não mude. Mantenha esse espaço limpo e longe da comida. Enquanto não pode vir à rua por não ter vacinas, coloque por exemplo um resguardo próprio para o efeito no local onde espera que ele faça as suas fezes ou urina. Até compreender o que é esperado, vai fazer fora do sítio: repreenda com a voz e coloque-o no sitio definido. Quando acertar, recompense com uma carícia ou um grãozinho de ração! Na altura de mudar para começar a fazer na rua, leve a sua mascote à trela assim que acordar ou assim que acabar de comer. Rapidamente vai perceber que as regras mudaram!
Atividades e estímulos
Todos os animais devem ter brinquedos à sua disposição, tanto para roer como para brincar. É muito importante manter a mente ativa e ocupada. Costumo brincar e dizer que eles têm 24h para pensar na asneira que vão fazer! Eles gostam de ser desafiados e de superar esses mesmo desafios. Por isso, escolher um jogo adequado na hora de o alimentar, é uma excelente opção. Existem diversos níveis de dificuldade para os irmos habituando e ficarem cada vez mais desafiantes.
Podem e devem participar em atividades diárias, pois adoram aprender novos truques. O senta, deita e fica são só alguns exemplos, mas quando essa fase está ultrapassada, continue a ensinar coisas novas. Alguns tutores veem isso como truques de circo, mas na verdade pode ser uma excelente forma de continuar a manter a mente sã do seu melhor amigo! Porque não ensinar a levar o lixo à rua? Atirar um brinquedo e trazer, ladrar ao comando… tantas coisas que se podem ensinar!
Educação
Outro aspeto fundamental é a educação! Para segurança e conforto de todos, o melhor é desde tenra idade habituar a caminhar à trela, sem puxões. Esse processo normalmente está intimamente ligado com socialização, que deve ser feita a partir dos 2 meses de idade!!! Por ser também uma idade em que o esquema de vacinas ainda não está completo, é importante arranjar forma de o socializar com outros animais e com outros humanos num espaço seguro do ponto de vista sanitário.
Por fim, mas não menos importante, gostaria de alertar para situações de dominância/agressividade. Sobretudo em raças de pequeno porte, é muito frequente ver os tutores a fazerem uma festinha ou falar com voz meiga quando arreganham os dentes “oh… não faças isso… a Dra. não te faz mal!”. De uma forma inocente, estamos a confirmar um comportamento desadequado. Nenhuma falta de educação deve passar sem ser corrigida. Ninguém pode rosnar porque está a comer, ou porque não querem que o dono ocupe o lugar no sofá! Não podemos achar piada quando os provocamos em pequenos e eles rosnam… pois vão crescer e vão achar que é isso o esperado deles!
Estas são só algumas dicas, contudo para um conhecimento mais aprofundado, marque consulta com o nosso treinador ou com a nossa veterinária de comportamento! Poderá recorrer ao nosso formulário de pedido de marcação online, aos nossos canais sociais ou ao contacto telefónico.
Hospital Veterinário +Ani+: muito mais do que um hospital!
Artigo escrito pela Diretora Clínica e Médica Veterinária Sara Curvelo do Hospital Veterinário +Ani+ para o Blog +Ani+.